“Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.”Thiago,3/17

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” João – 15:7

quinta-feira, 26 de março de 2009

Pais intolerantes, filhos...


Wellington Balbo – Bauru - SP

A intolerância é uma chaga social. Os sonhos de harmonia entre os homens batem de frente nos muros da intolerância erguidos pela inflexibilidade das pessoas. As guerras, por exemplo, são as filhas mais diletas da intolerância. Leia-se guerra também os embates domésticos, que frequentemente ocorrem avassalando lares. Há tempos é assim...

Na idade Média, época obscura em que a Europa ficou imersa na ignorância, a intolerância era ainda mais abundante. Aqueles que não compartilhassem dos mesmos pontos de vista dos poderosos eram perseguidos e mortos ou forçados a modificar suas opiniões e crenças religiosas. Já na Idade Moderna é ilustrativo o caso de Galileu Galilei. O cientista, ao confirmar que a Terra não era o centro do universo foi convidado em tribunal a desmentir. Galileu, a contragosto teve de renegar as suas idéias para que continuasse vivo. Outro exemplo de intolerância ocorreu com a Doutrina Espírita que nascia na Europa do século XIX. O auto de fé de Barcelona, em que foram queimados, em praça pública, 300 livros espíritas enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurício Lachâtre, espelhou, também, de forma triste a intolerância de algumas pessoas.

Poucos se atentam, no entanto, de que as raízes da intolerância têm morada nos lares, na educação das crianças. Os pais, não raro exemplificam a intolerância aos seus filhos, transmitindo-a em suas atitudes. Pais intolerantes com os filhos, filhos intolerantes para com a vida e o semelhante. Digo isto por que presenciei triste cena em que os pais diziam ao filho não admitir, de forma alguma, seu namoro com jovem de outra religião. O jovem, obviamente não compreendeu a atitude dos pais, no entanto, em virtude da rígida educação foi forçado a acatar. Terminou o namoro por causa da religião, isso em pleno século XXI. Lamentável. Fico a pensar:

Será que este jovem será atingido pela intolerância dos pais? Será que irá copiá-la?

Pode ser que sim, pode ser que não. Porém, a família é nosso primeiro filtro de valores, é na família que aprendemos as primeiras noções de como viver em sociedade. Se os pais atuam na educação do filho transmitindo valores distorcidos, alimentando o preconceito e a intolerância, pode ser que esses jovens, espíritos em processo de educação, configurem em seu íntimo essas irrealidades como verdades absolutas.

O resultado não é difícil de prever: crescerão adultos preconceituosos e intolerantes, mimados e desacostumados a conviver com as diferenças. E, educados dessa forma, os diferentes serão encarados como inimigos ferrenhos. Ou seja, se não pensa conforme meus conceitos é meu oponente. Daí a busca pela eliminação de quem não lê na mesma cartilha. Alguns no emprego puxam o tapete, outros nas instituições boicotam as boas idéias, e assim caminha a humanidade...

Cabe, portanto, aos pais abrir a tela mental e despir-se de preconceitos e modelos mentais obsoletos, porquanto, se a intolerância outrora era justificada pela ignorância, hoje essa desculpa não faz mais sentido. A principal herança que deixamos aos filhos não é a monetária, mas, sim, a herança moral.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo



Espiri-tista

sábado, 21 de março de 2009

Estudando o Espiritismo

A COMUNIDADE DOS ESPÍRITOS PUROS
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.

Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.

A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal.

Livro: A Caminho da LUZ
Emmanuel/Chico Xavier
Espiritista

sexta-feira, 13 de março de 2009

Amor aos idosos

Wellington Balbo – Bauru - SP


Em palestra por uma cidade do interior de nosso estado conheci notável instituição, autêntica casa de amor e apoio às pessoas que já ultrapassaram incontáveis primaveras de existência terrena, resumindo: um lar de idosos.

Impressionou-me o carinho e a atenção destinada pelos voluntários àquelas criaturas de cabelos esbranquiçados pela experiência dos anos, amorosos e abnegados todos servidores desvelam-se em cuidados. Enfermeiros competentes ministravam o medicamento em hora apropriada. Refeição balanceada, tudo para que os dias sejam agradáveis e as noites serenas.

No entanto, chocou-me ainda mais o fato de que muitos daqueles senhores e senhoras têm familiares e não recebem sequer uma visita. Estão relegados pelos filhos, sobrinhos e netos ao abandono. Uma pena! Por isso, talvez, muita gente tenha medo do avançar dos anos, em realidade o medo é do abandono e não da idade.

Uma mostra da sociedade descartável, em que a pessoa é reverenciada apenas enquanto está produzindo, depois que a saúde, já frágil pelos embates da existência começa a dar sinais de precariedade, muitos são abandonados, relegados ao desprezo, sem o carinho e conforto dos familiares.

Ah, sociedade descartável! Ah, cultura do “Tá produzindo!”.

Mas não quero aqui deixar registrado críticas, aliás, para que a mensagem torne-se clara não precisamos exaltar os maus exemplos, podemos, então, aplicar o antídoto: os bons exemplos, o amor!

Em vez de criticarmos a postura de alguns, podemos exaltar atitudes de outros.

Falemos então de Inácio, jovem franzino, cabelos pretos, lisos, sorriso franco e aberto. Bondoso ao extremo, Inácio é o tipo de pessoa que nos deixa à vontade em sua presença, conversa pouco, diz muito. Figura incrível, nem parece habitante deste planeta. O jovem Inácio é solteiro e dedica grande parte de seu tempo aos cuidados dos idosos enfermos. Tomou gosto pelo voluntariado depois de cuidar por 10 anos de sua mãe, senhora que vivia com grandes dificuldades de locomoção devido a um Acidente Vascular Cerebral, o temido AVC.

Todos os dias, após seu expediente no trabalho profissional Inácio dedica duas horas aos cuidados desses idosos. Banha-lhes, dá de comer, conversa, escuta, acaricia. Costuma dizer que faz pouco, gostaria de dedicar-se em tempo integral aos amigos mais “experientes”, é assim que carinhosamente ele os chama.

Inácio trabalha com idosos por amor. Na vida não adianta cobrarmos nada de ninguém. Amor cobrado não é amor, carinho que se pede não vem espontâneo. Cada um de nós contribui com o que tem em seu coração. Se indigentes de sentimentos colaboramos quase nada. Se milionários de amor, à semelhança de Inácio, desvelamo-nos em carinho para com o semelhante. Os filhos que abandonam os pais são ainda indigentes de amor. No entanto, o mundo não é feito apenas de ingratidão, ainda bem que há almas como Inácio que, mesmo sem laços consangüíneos devotam atenção ao próximo, contribuindo para fazer brotar um sorriso na face daqueles que ajudaram a construir a história de nosso país.

Podemos, portanto, seguir os passos de Inácio e arregaçarmos as mangas engajando-nos no trabalho voluntário. Poderíamos, então, primeiramente conhecer as instituições de nossa cidade e região que realizam esse tipo de tarefa. Num segundo estágio poderemos começar colaborando 1 hora por semana e, gradativamente irmos aumentando nossa contribuição. Consideremos: será um tempo bem aplicado, são oportunidades que teremos de conviver com outras criaturas, enfim, largas chances de progresso. Não há bem da Terra que recompense a paz interior advinda de nosso esforço em favor de alguém. Ajudar aos outros equivale a, antes de tudo, auxiliar a nós mesmos. Inácio fez sua parte, cabe a nós realizarmos a que nos compete.

Pensemos nisso.

Wellington BalboPlasvipel Embalagens - 14 3203 2044
Espiri-tista

quarta-feira, 11 de março de 2009

Estudando o Espiritismo

230. A seguinte instrução deu-no-la, sobre o assunto, um Espírito de quem temos inserido muitas comunicações: "Já o dissemos: os médiuns, apenas como tais, só secundária influência exercem nas comunicações dos Espíritos; o papel deles é o de uma máquina elétrica, que transmite os despachos telegráficos, de um ponto da Terra a outro ponto distante.

Assim, quando queremos ditar uma comunicação, agimos sobre o médium, como o empregado do telégrafo sobre o aparelho, isto é, do mesmo modo que o tique-taque do telégrafo traça, a milhares de léguas, sobre uma tira de papel, os sinais reprodutores do despacho, também nós comunicamos, por meio do aparelho mediúnico, através das distâncias incomensuráveis que separam o mundo visível do mundo invisível, o mundo imaterial do mundo carnal, o que vos queremos ensinar. Mas, assim como as influências atmosféricas atuam, perturbando, muitas vezes, as transmissões do telégrafo elétrico, igualmente a influência moral do médium atua e perturba, às vezes, a transmissão dos nossos despachos de além-túmulo, porque somos obrigados a fazê-los passar por um meio que lhes é contrário. Entretanto, essa influência, amiúde, se anula, pela nossa energia e vontade, e nenhum ato perturbador se manifesta. Com efeito, os ditados de alto alcance filosófico, as comunicações de perfeita moralidade são transmitidas algumas vezes por médiuns impróprios a esses ensinos superiores; enquanto que, por outro lado, comunicações pouco edificantes chegam também, às vezes, por médiuns que se envergonham de lhes haverem servido de condutores.

"Em tese geral, pode afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que lhes são similares e que raramente os Espíritos das plêiadas elevadas se comunicam por aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons aparelhos mediúnicos, bons médiuns, numa palavra.

"Os médiuns levianos e pouco sérios atraem, pois, Espíritos da mesma natureza; por isso é que suas comunicações se mostram cheias de banalidades, frivolidades, idéias truncadas e, não raro, muito heterodoxas, espiriticamente falando. Certamente, podem eles dizer, e às vezes dizem, coisas aproveitáveis; mas, nesse caso, principalmente, é que um exame severo e escrupuloso se faz necessário, porquanto, de envolta com essas coisas aproveitáveis, Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a fim de iludir a boa-fé dos que lhes dispensam atenção. Devem riscar-se, então, sem piedade, toda palavra, toda frase equivoca e só conservar do ditado o que a lógica possa aceitar, ou o que a Doutrina já ensinou. As comunicações desta natureza só são de temer para os espíritas que trabalham isolados, para os grupos novos, ou pouco esclarecidos, visto que, nas reuniões onde os adeptos estão adiantados e já adquiriram experiência, a gralha perde o seu tempo a se adornar com as penas do pavão: acaba sempre desmascarada.

"Não falarei dos médiuns que se comprazem em solicitar e receber comunicações obscenas. Deixemos se deleitem na companhia dos Espíritos cínicos. Aliás, os autores das comunicações desta ordem buscam, por si mesmos, a solidão e o isolamento; porquanto só desprezo e nojo poderão causar entre os membros dos grupos filosóficos e sérios. Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui, pelas que lhe são pessoais, as idéias que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir e também quando tira da sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação intuitiva. É de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do médium. Dá-se mesmo o fato curioso de mover-se a mão do médium, quase mecanicamente às vezes, impelida por um Espírito secundário e zombeteiro. É essa a pedra de toque contra a qual vêm quebrar-se as imaginações ardentes, por isso que, arrebatados pelo ímpeto de suas próprias idéias, pelas lentejoulas de seus conhecimentos literários, os médiuns desconhecem o ditado modesto de um Espírito criterioso e, abandonando a presa pela sombra, o substituem por uma paráfrase empolada. Contra este escolho terrível vêm igualmente chocar-se as personalidades ambiciosas que, em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam, apresentam suas próprias obras como sendo desses Espíritos. Daí a necessidade de serem, os diretores dos grupos espíritas, dotados de fino tato, de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas das que não o são e para não ferir os que se iludem a si mesmos.

"Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade.

"Lembrai-vos, no entanto, ó espíritas! de que, para Deus e para os bons Espíritos, só há um impossível: a injustiça e a iniqüidade.

"O Espiritismo já está bastante espalhado entre os homens e já moralizou suficientemente os adeptos sinceros da sua santa doutrina, para que os Espíritos já não se vejam constrangidos a usar de maus instrumentos, de médiuns imperfeitos. Se, pois, agora, um médium, qualquer que ele seja, se tornar objeto de legítima suspeição, pelo seu proceder, pelos seus costumes, pelo seu orgulho, pela sua falta de amor e de caridade, repeli, repeli suas comunicações, porquanto aí estará uma serpente oculta entre as ervas. E esta a conclusão a que chego sobre a influência moral dos médiuns."

ERASTO
Fonte:
Livro dos Médiuns.
Espiri-tista

sexta-feira, 6 de março de 2009

Você sabe quanto custa um deputado federal?


Wellington Balbo – Bauru – SP.


Há tempos bato na tecla de que o problema político do Brasil é muito mais a má administração do que a corrupção, não que inexista, ela existe e é um cancro, tanto nas gestões privadas como públicas. No entanto, a má administração reflete as altíssimas despesas com nossos homens públicos e suas mordomias. O resultado disso todos conhecem: altas cargas tributárias inibindo o empreendedor e podando iniciativas que poderiam render benefícios à população.


Você tem idéia, caro leitor, de quanto custa um deputado federal aos sofres públicos? Não tem? Procurou informações a respeito? Ainda não? Pois aqui vai:


Cada deputado federal custa a bagatela de R$.117,6 mil por mês. Observe: eu disse apenas deputado federal, não mencionei senadores, deputados estaduais, prefeitos, vereadores, ministros e etc.


Veja os direitos dos deputados federais: R$.60.000 verba para gabinete, R$.18.820,00 passagens aéreas, R$.16.512,00 salário, R$.15.000 verba indenizatória, R$.4.268,00 correio e telefone e R$.3.000,00 auxílio moradia, o que atinge a estratosférica quantia de R$.117,6 mil.


Não consigo entender: meu pai era bancário, e quando transferido para outra cidade mudávamos todos. Nada de auxílio moradia, passagens aéreas ou outras regalias, enfim, vivíamos apenas com o salário pago pelo banco no final do mês. Ora, por que deputados têm auxílio moradia? Por que têm passagens áreas? Por que não se mudam com suas famílias para a capital federal? Seria mais coerente que assim fosse. Portanto, o assunto de apresentar notas fiscais para comprovar gastos referentes à verba indenizatória é uma discussão equivocada.


A questão não é comprovar gastos, mas, sim, gastar menos, economizar, ser coerente, ético, sincero, cultivar vida simples calcada no trabalho, na labuta diária que constrói pessoas responsáveis, inclusive sob o ponto de vista econômico. Essa é a questão que deve ser discutida. Por que se gasta tanto no Brasil? Será que não podemos economizar, cortar despesas, diminuir o inchaço de parlamentares?


Inaceitável um país em que grande parte da população vive em extrema penúria manter luxos à custa do dinheiro público. Não quero aqui desmerecer o trabalho do parlamentar, servir ao povo é tarefa de extrema responsabilidade e grandeza, todos aqueles que estão no poder, devem, sim, ser bem remunerados pelas funções exercidas. No entanto, é necessário coibir os abusos, um deputado federal custar aos cofres públicos R$.117,6 mil por mês em um país como o Brasil é incoerente. Sem contar que isso cria efeitos nocivos na sociedade. Dividendos estratosféricos pagos aos políticos enchem os olhos dos oportunistas que, carismáticos, concorrem aos cargos públicos interessados nos altos salários, de modo que a política deixou de ser a trilha de idealistas dispostos a servir a sociedade para se tornar um meio de vida rentável e fácil. É o velho egoísmo humano ditando as regras políticas de nosso país.


Quando amadurecermos (povo e políticos) ao ponto de entender que exercer um cargo público é assumir alta responsabilidade perante as leis da vida, certamente modificaremos os padrões vigentes na atualidade, reembolsando nossos homens públicos com o valor justo, sem sobrecarregar a sociedade com altas cargas tributárias para sustentar mordomias esdrúxulas e incompatíveis com a realidade.


Precisamos, embora de forma pacífica e civilizada, exercer a cidadania e protestar contra a má administração de nosso país, porquanto a manifestação em massa do cidadão brasileiro é que modificará os abusos cometidos pelos governantes. Importante lembrar: o Brasil é muito mais do que carnaval e futebol.


Pensemos nisso.


Wellington BalboPlasvipel Embalagens - 14 3203 2044




Espiri-tsta

quarta-feira, 4 de março de 2009

O Espiritismo no Brasil

Numerosos companheiros de Allan Kardec já haviam regressado às luzes da espiritualidade, quando inúmeras entidades do serviço de direção dos movimentos espiritistas no planeta deliberaram efetuar um balanço de realizações e de obras em perspectiva, nos arraiais doutrinários, sob a bênção misericordiosa e augusta do Cordeiro de Deus.

Vivia-se, então, no limiar do século XX, de alma aturdida ante as renovações da indústria e da ciência, aguardando-se as mais proveitosas edificações para a vida do globo.

Falava-se aí, nesse conclave do plano invisível, com respeito à propagação da nova fé, em todas as regiões do mundo, procurando-se estudar as possibilidades de cada país, no tocante ao grande serviço de restauração do Cristianismo, em suas fontes simples e puras.

Após várias considerações, em torno do assunto, o diretor espiritual da grande reunião falou com segurança e energia:

-"Irmãos de eternidade: no mundo terrestre, de modo geral, as doutrinas espiritualistas, em sua complexidade e transcendência, repousam no coração da Ásia adormecida; mas, precisamos considerar que o Evangelho do Divino Mestre não conseguiu ainda harmonizar essas variadas correntes de opinião do espiritualismo oriental com a fraternidade perfeita, em vista das nações do Oriente se encontrarem cristalizadas na sua própria grandeza, há alguns milênios.

Em breve, as forças da violência acordarão esses países que dormem o sono milenário do orgulho, numa injustificável aristocracia espiritual, afim de que se integrem na lição da solidariedade verdadeira, mediante os ensinamentos do Senhor!... Urge, pois, nos voltemos para a Europa e para a América, onde, se campeiam as inquietações e ansiedades, existe um desejo real de reforma, em favor da grande cooperação pelo bem comum da coletividade. Certo, essa renovação é sinônima de muitas dores e dos mais largos tributos de lágrimas e de sangue; mas, sobre as ruínas da civilização ocidental, deverá florescer no futuro uma sociedade nova, sobre a base da solidariedade e da paz, em todos os caminhos dos progressos humanos... Examinemos os resultados dos primeiros esforços do Consolador no Velho Mundo!..."

E os representantes dos exércitos de operários, que laboram nos diversos países da Europa e da América, começaram a depor, sobre os seus trabalhos, no congresso do plano invisível, elucidando-os sinteticamente:

- "A França - exclamava um deles - berço do grande missionário e codificador da doutrina, desvela-se pelo esclarecimento da razão, ampliando os setores da ciência humana, positivando a realidade de nossa sobrevivência, através dos mais avançados métodos de observação e de pesquisa. Lá se encontram ainda numerosos mensageiros do Alto, como Denis, Flammarion e Richet, clareando ao mundo os grandes caminhos filosóficos e científicos do porvir".

- "A Grã Bretanha - afirmava outro - multiplica os seus centros de estudo e de observação, intensificando as experiências de Crookes e dissolvendo antigos preconceitos."

- "A Itália - asseverava novo mensageiro - teve com Lombroso o início de experiências decisivas. O próprio Vaticano se interessa pela movimentação das idéias espiritistas, no seio das classes sociais, onde foi estabelecido rigoroso critério de análise, no comércio com os planos invisíveis para o homem terrestre."

- "A Rússia, bem como outras regiões do Norte - prosseguia outro emissário - conseguira com Aksakof a difusão de nossas verdades consoladoras. Até a corte do Czar se vem interessando nas experimentações fenomênicas da doutrina."

- "A Alemanha - afirmava ainda outro - possui numerosos físicos que se preocupam cientificamente com os problemas da vida e da morte, enriquecendo os nossos esforços de novas expressões de experiência e cultura..."

Iam as exposições a essa altura, quando uma luz doce e misericordiosa inundou o ambiente da reunião de sumidades do plano espiritual. Todos se calaram, tomados de emoção indizível, quando uma voz, augusta e suave, falou, através das vibrações radiosas de que se tocava a grande assembléia:

- "Amados meus, não tendes para a propagação da palavra do Consolador, senão os recursos da falível ciência humana? Esquecestes que os excessos do raciocínio prejudicaram o coração das ovelhas desgarradas do grande rebanho? Não haverá verdade, sem humildade e sem amor, porque toda a realidade do Universo e da vida deve chegar ao pensamento humano, antes de tudo, pela fé, ao sopro dos seus resplendores eternos e divinos!... Operários do Evangelho: excelente é a ciência bem intencionada do mundo, mas não esqueçais o coração, em vossos labores sublimes... Procurai a nação da fraternidade e da paz, onde se movimenta o povo mais emotivo do globo terrestre, e iniciai aí uma tarefa nova. Se o Cristo edificou a sua igreja sobre a pedra segura e inabalável da fé que remove montanhas e se o Consolador significa a doutrina luminosa e santa da esperança de redenção suprema das almas, todos os seus movimentos devem conduzir à caridade, antes de tudo, porque sem caridade não haverá paz, nem salvação para o mundo que se perde!..."

Uma copiosa efusão de luzes, como bênçãos do Divino Mestre, desceu do Alto sobre a grande assembléia, assim que o apóstolo do Senhor terminou a sua exortação comovida e sincera, luzes essas que se dirigiam, como aluvião de claridades, para a Terra generosa e grande que repousa sob a luz gloriosa da constelação do Cruzeiro.

E foi assim que a caridade selou, então, todas as atividades do Espiritismo brasileiro. Seus núcleos, em todo o país, começaram a representar os centros de eucaristia divina para todos os desesperados e para todos os sofredores. Multiplicaram-se as tendas de trabalho do Consolador, em todas as suas cidades prestigiosas, e as receitas mediúnicas, os conselhos morais, os postos de assistência, as farmácias homeopatas gratuitas, os passes magnéticos, multiplicaram-se, em toda parte no Brasil, para a fusão de todos os trabalhadores, no mesmo ideal de fraternidade e de redenção pela caridade mais pura.


(Recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 5 de novembro de 1938).
Fonte:
Livro: Novas Mensagens
Chico Xavier/Humberto de Campos
Espiri-tista