Emmanuel
“Batei e abrir-se-vos-à”.
O ensinamento evangélico brilha soberano, em qualquer situação e
em qualquer empo.
Entretanto, sempre que a nossa solicitação reclame auxílio e
oportunidade, é imperioso não esquecer a chave do esforço próprio.
Não bastará simplesmente pedir.
É necessário merecer.
E, em parte alguma, surge o mérito sem árduo zelo na
desincumbência dos deveres que a vida nos confere.
Vejamos o livro da natureza em que o trabalho e a realização
constituem mensagens de cada dia.
Sem o suor de quem semeia, a colheita não passaria de um sonho e
sem os calos da mão que ara a gleba, a sementeira jamais surgiria vitoriosa.
Sem o sacrifício da árvore que entesoura as bênçãos do sol, o
campo não seria mais que terra seca, e sem a preocupação do artífice que
desbasta a madeira bruta, a utilidade doméstica não nos socorreria a
experiência comum.
Tudo na vida é cooperação, interdependência, concessão recíproca
e amparo mútuo para aqueles que a enobrecem, a fim de serem por ela própria
enobrecidos.
A fonte auxilia o solo, o solo ampara a semente e a semente
produz o bom grão, que, mais tarde, se transforma em sustento real da floresta
de que a fonte retira a proteção e a defesa.
Não nos aventuremos a pedir, sem dar de nós mesmos.
A prece é, sem dúvida, a escada luminosa de intercâmbio entre a
Terra e o Céu, mas se os homens que insistem pelo favor dos anjos não se
dispuserem à colaboração com eles, na obra de regeneração e sublimação do
mundo, a escada mística seria apenas um monumento erguido à viciação e à
ociosidade.
“Batei e abrir-se-vos-à” repitamos com o Evangelho, mas não
olvidemos, em todos os passos da peregrinação para o Cristo, a chave do serviço
edificante, a única senha que nos assegurará, em espírito e verdade, o valor do
merecimento justo com a resposta do Infinito Amor e da Eterna Sabedoria, em favor
de nossa própria ascensão.
Livro: Seguindo
Juntos
Chico
Xavier/Espíritos Diversos
Francisco Rebouças