“Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.”Thiago,3/17

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” João – 15:7

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Biografias - Espiri-tista

Carlos Imbassahy
Deu-se o fato quando um padre, em Juiz de Fora, resolveu atacar o Espiritismo. Os companheiros de Doutrina acharam por bem pedir socorro à casa máter, isto é, à FEB, que, para atendê-los, indicou o Dr. Imbassahy. Este deveria comparecer àquela cidade, dita manchester mineira, para rebater as acusações do membro eclesiástico da Igreja.
Na hora em que embarcou, por ferrovia, para a aludida cidade, um dos diretores, para ajudá-lo, entrega-lhe os volumes traduzidos pela própria FEB, da obra de Roustaing, dizendo-lhe:
− Imbassahy: aqui você encontrará tudo o que precisa para acabar com o padre!
E o enviado para combater o eclesiástico, em Juiz de Fora, aproveitou a viagem para estudar a obra que ainda não conhecia. Começou a lê-la. Sua razão, evidentemente, fê-lo estarrecer-se do conteúdo − ao qual considerou absurdo − daquela obra que tinha em mãos.

O principal tópico dos debates seria a ressurreição de Lázaro e quando Dr. Imbassahy leu as explicações dadas pela comunicação mediúnica à Sr.ª Collignon, ficou horrorizado, pensando no fiasco que faria se apresentasse aquilo como argumento para debate.

Foi seu primeiro contato e sua primeira decepção com Roustaing.

Segundo ele, sua grande sorte foi a de que o Padre, no dia do debate, resolveu se ausentar da cidade e ele, magnanimamente, preferiu não abordar os temas em foco.

Como era muito amigo dos diretores da FEB, suas atribuições perante a revista, como jornalista, não sofreram qualquer abalo.

Os tempos se passam e desencarna o presidente Guillon Ribeiro. Elegem para substituí-lo um jovem militante roustaingista, que tinha outra visão da Doutrina, e que achava fundamental que todos os participantes dos cargos diretivos da Federação Espírita Brasileira fossem não apenas adeptos, mas militantes professos do roustaingismo. E, com isso, Dr. Imbassahy, praticamente, foi excluído do seu cargo e afastado, a bem da comunidade, do movimento federacionista.

Mas, à essa altura, seu lastro doutrinário e sua fama de escritor já lhe haviam coroado a carreira literária. Foi dessa forma que seus novos livros encontraram uma série de editores fora do contexto febiano para serem publicados.

E sua bagagem foi enriquecida com excelentes livros, cujas edições esgotadas mereciam nova republicação.

Afastado da FEB, passou a ser um dos grandes expoentes, ao lado de seu querido amigo e conterrâneo Leopoldo Machado, baluarte dos movimentos espíritas que não tinham apoio daquela entidade.

Desse modo, foi orador oficial do Congresso Sul-Americano de Espiritismo, realizado no Rio de Janeiro, participou de todos os congressos de Escritores e Jornalistas Espíritas realizados no Brasil, até seu desencarne, incrementou o movimento de jovens e teve importante participação junto ao I Congresso Brasileiro de Mocidades Espíritas (e único); enfim, destacou-se sobremodo pelo apoio que sempre deu às Semanas Espíritas e a quaisquer atividades doutrinárias que tivessem como escopo a difusão do Espiritismo.

Junto com sua esposa, participou do Teatro Espírita, encenando esquetes e pequenas peças ou entreatos durante Semanas Espíritas, escrevendo, até, uma comédia intitulada Firma Roscof e Cia, incentivando os jovens espíritas à arte pura e sadia. Como literato, como jornalista e como expositor doutrinário, realizou uma obra gigantesca que, sem dúvida, deixou um marco indelével em nosso século 20.

São inúmeros os casos pitorescos de sua vida, contados em livro e que merecem ser lidos por todos. Além de divertir, mostra o entusiasmo de um grande baluarte da Doutrina, que soube aliar a difusão doutrinária com a arte e com a sabedoria.

Dr. Alberto de Souza Rocha e o filho do Dr. Carlos reuniram, numa obra, uma série de documentos do Dr. Imbassahy, que ainda não veio a lume porque nosso querido companheiro Alberto desencarnou antes de completar seu trabalho. São acervos do arquivo pessoal do grande escritor, com cartas particulares, inclusive uma endereçada a Wantuil de Freitas, quando presidia a FEB, que é um libelo terrível contra o roustaingismo.

Não poderia falar do Dr. Imbassahy sem fazer uma especial referência à sua esposa, dona Maria, médium de excelentes predicados e que era seu braço forte, no incentivo e em tudo mais que uma companheira dedicada e apaixonada pode fazer por seu marido.

Discorrer sobre o casal, seria escrever outro livro.

Dona Maria também era uma excelente comediante, só que nunca se dedicou à profissão, senão participando ao lado do esposo em sua apresentações cênicas no meio espírita. Faziam um par impagável e juntaram-se ao Olympio Campos, outro excelente ator que, depois de crescido, órfão de pais, elegeu o casal para ser seus novos genitores. Os três juntos faziam as cenas de humor nas Semanas Espíritas de que participavam, mostrando que a arte sadia também tem lugar dentro do movimento espírita.

O casal Imbassahy teve um único filho, o Carlos, por quem se redobravam em cuidados, coisa comum de pais que têm filho único.

O neném, o menino, o rapaz, o adulto, o pai dos seus netos, para eles, era uma eterna criança. Tais os desvelos e cuidados que tinham, aliados à preocupação natural em tais casos.

Casaram-se tarde. Quando o filho nasceu já tinham idade suficiente para conhecerem a vida, contudo, um filho é sempre um filho.

Dr. Imbassahy teve uma vida de glórias. De um comportamento espiritual exemplar, nunca faltou àqueles que lhe pediam ajuda. Certa vez, um pobre camundongo, fugindo à fúria dos seus perseguidores, procurando abrigo sob o salto de seu sapato, não foi denunciado, porque Dr. Imbassahy não teve coragem de delatar o roedor que procurou salvação junto a ele.
Foram inúmeros e sinceros os seus amigos. São casos altamente pitorescos os que envolvem o seu relacionamento com eles. Coisas curiosas que recomendam a leitura das suas memórias.

Finalmente, aos 84 anos, foi acometido de uma leucose aguda que, em pouco mais de seis meses, levou-o à sepultura. Seu enterro, em 4 de agosto de 1969, concorridíssimo, deixou uma lacuna dentro do movimento espírita. E, até hoje, ainda não se encontrou um substituto à altura para seu lugar.

Fonte:

Pesquisa na Internet


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