2) “(...) O Coronel Sobreira, inspirado pelo Mentor, acercou-se do médium e acudiu Matias incorporado com o
recurso da aplicação de passes magnéticos de longo curso com a função calmante....”
Livro: Grilhões Partidos – Livraria Espírita Alvorada - Editora, 11ª edição. Cap. 19, pag. 167. Divaldo Pereira Franco/ Manoel Philomeno de Miranda.
3) “Logo após, entre Cláudio e Salomão, orou, emocionado. Suplicou a bênção do Cristo para a menina atropelada, qual se expusesse, diante de Jesus invisível, uma filha profundamente cara, e,
em seguida, ministrou-lhe passes de longo curso com o devotamento de quem lhe transferia as próprias forças.
Cooperamos com ele, sob o olhar penetrante de Moreira, que tudo anotava como que sequioso de aprender.
A operação, saturada de agentes reconstituintes do plano físico, infundiu grande bem à moça, melhorando-lhe a condição geral. Relaxou-se-lhe mais intensamente o esfíncter da micção, a respiração desoprimiu-se e conseguiu entrar em sono calmo.”
Livro: Sexo e Destino, Chico Xavier e Waldo Vierra/ André Luiz – FEB 18ª edição – II Parte, Cap.II, pag.192.
4)´“A vontade de aliviar, de curar - dissemos - comunica ao fluido magnético propriedades curativas. O remédio para os nossos males está em nós.
Um homem bom e sadio pode atuar sobre os seres débeis e enfermiços, regenerá-los por meio de sopro, pela imposição das mãos e mesmo mediante objetos impregnados da sua energia.
Opera-se mais freqüentemente por meio de gestos, denominados passes, rápidos ou lentos, longitudinais ou transversais, conforme o efeito, calmante ou excitante, que se quer produzir nos doentes. Esse tratamento deve ser seguido com regularidade, e as sessões renovadas todos os dias até à cura completa”.
Livro: Livro No Invisível, Léon Denis, Cap. XV.
5) Saí das reflexões, quando foi convidado pela Benfritora à aplicação do socorro fluídico, em que se transferiram energias mais esprcíficas a Argos.
O auxílio de Bernardo, valioso, criara a predisposição para que o doente assimilasse, dessa vez, outro tipo de fluidos procedentes do corpo físico sadio do sensitivo.
Foi proferida uma oração de alto significado emocional, de que todos participamos e, ato contínuo, o médium, seguramente conduzido pela Irmã Angélica, deu início à operação socorrista.
A princípio com movimentos rítimicos e em direção longitudinal, desembaraçou o enfermo das energias absorvidas e dos miasmas venenosos que lhe empestavam o organismo, como a desentoxicar as células, facilitando-lhes a renovação.
Foram mais cuidadosamente atendidos os centros coronário, cardíaco e gástrico, que exteriorizavam coloração escura e fluido pastoso, letal.
Em seguida passou a transferir-lhe as forças restauradoras, mediante a imposição das mãos nas referidas áreas que, lentamente foram absorvendo a energia salutar e mudando de cor, irradiando para todo o corpo as vibrações de reequilíbrio. Logo após, foi magnetizada a água, que lhe foi oferecida em pequena dose e se encerrou o labor da caridade fraternal.
Livro: Painés da Obsessão – Divaldo Pereira Franco/Manoel Philomeno de Miranda . Livraria Espírita Alvorada Editora – 8ª edição, Cap. 27, Pag.253.
6) “A simples “imposição das mãos” com o consequente apelo às Potências Sublimes, não quer significar condição preponderante.
Para o exercício equilibrado da mediunidade curadora, através do serviço do passe, são exigidos vários requisitos que não podem ser amesquinhados.
Inalterável confiança no Senhor e conduta compatível com a fé esposada.
Serenidade íntima e passividade completa à inspiração superior.
Sintonia com as Esferas Mais Altas e hábito da prece.
Capacidade de amor ao próximo e abnegação na extensão do serviço de auxílio.
Espírito de humildade e tirocínio de discernimento.
Saúde física e mental e meditação nos objetivos superiores da vida.
***
Após as malogradas tentativas feitas pelos discípulos, de expulsão do “espírito imundo” que se apossara de um jovem lunático, o Mestre sem delongas, repreendeu o desencarnado e libertou o enfermo.
E como os companheiros lhe indagassem o porquê do próprio fracasso, o Senhor, após falar-lhes da falta de fé, afirmou sereno: “esta casta de espíritos não se expulsa senão pela oração e pelo jejum”.
Tal oração, consideremos a comunhão constante com Deus, da qual decorre o jejum aos atos que degradam o espírito e envilecem o caráter.
Assim fazendo, não padecem dúvidas: os resultados na aplicação dos passes serão salutares e imediatos.
Livro: Dimensões da Verdade
Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
Dos Confrades da Doutrina:
7) DIVALDO PEREIRA FRANCOTrazemos, a seguir, questão formulado sobre o assunto pelo Jornal do CEPEAK, ao conhecido Tribuno espírita Divaldo Pereira Franco, em entrevista concedida ao citado órgão de divulgação do espiritismo em sua edição de março/abril de 2003, conforme segue:
J. Cepeak – No livro “Nos Domínios da Mediunidade” – Cap. 17, André Luiz nos diz que “Conrado impondo as mãos sobre a fronte da médium,
inspirou-a a movimentar as mãos sobre a doente, desde a cabeça até o fígado enfermo”. Kardec diz que os olhos e as mãos são órgãos de emissão e direção de fluidos. (Obras Póstumas – Fotografia e Telegrafia do Pensamento). Existe uma corrente dentro do movimento espírita afirmando que ao médium incumbe
apenas impor as mãos sobre a cabeça do paciente, como fazia Jesus e que o restante cabe aos espíritos superiores em servico.
Perguntamos:
a) Para que André Luiz nos ensinaria sobre as funções dos centros de forças (chacaras)?
b) Para que os técnicos do plano espiritual precisariam do fluido animalizado do médium que eles podem extrair de toda parte?
c) Se não temos a superioridade de Jesus, que curava até com saliva e lodo e mesmo à distância (o centurião romano e o servo etc), por que o médium deve ser dispensado da movimentação discreta e consciente das mãos? Em resumo: o médium, atendidos os requisitos básicos, deve se limitar a impor as mãos sobre o paciente no momento do passe?
Divaldo –
Confesso aceitar, sem qualquer restrição, a orientação do Espírito André Luiz, através da mediunidade do apóstolo Chico Xavier, perfeitamente centrada no pensamento Kardequiano, direcionando as mãos do passista no rumo do órgão enfermo. Jesus pela exelência de que se encontrava revestido, penetrava no âmago do ser e, conhecendo a problemática da saúde que o atormentava, bastava impor-lhe as mãos, tocá-lo ser tocado na fímbria dos Seus vestidos, desejar apenas e a recuperação de imediato se dava. Como há uma distância abissal entre ELE e nós, prefiro agir nos chakras correspondentes ao distúrbio orgânico, emocional ou psíquico, embora sem tocar no paciente, evitando imcompreensões, e conclusões injustificáveis.
Extraindo do fluido universal as energias que necessitam para operarem o socorro aos necessitados, os Mentores igualmente utilizam do fluido animal do médium, perfeitamente compatível com o do paciente, ainda mais quando ocorre a cooperação espontânea e enriquecedora do doador ou
passista.
As correntes de opinião, quando sinceras e fundamentadas na Doutrina, são todas respeitáveis. No entanto, a experiência de cada pessoa permite-lhe agir conforme os resultados que vem colhendo, sem preocupar-se com as diferenças de métodos, modelos e fórmulas.
Sempre haverá opinião discordante em todo mister de natureza humana, considerando-se os diferentes níveis de consciência, de conhecimento, de comportamento pessoal.
Terceira Parte
Passo agora, para a análise das curas efetuadas por Jesus, constantes das obras espíritas, para tentar entender onde é que estão situados os fundamentos dos quais muitos dos nossos confrades dizem ter por base a tal prática da simples imposição das mãos.
As Curas de Jesus
A Gênese, FEB 36ª Edição, Cap. XV.
1)
Perda de sangue
10. - Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; - que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira, -
como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. - No mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.
Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? - Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? – Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara.
A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. - Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade. (S. Marcos, cap. V, vv. 25 a 34.)
2)
Cego de Betsaida
12. - Tendo chegado a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e lhe pediam que o tocasse.
Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora do burgo,
passou-lhe saliva nos olhos e, havendo-lhe imposto as mãos,
lhe perguntou se via alguma coisa. – O homem, olhando; disse: Vejo a andar homens que me parecem árvores. - Jesus lhe colocou de novo as mãos sobre os olhos e ele começou a ver melhor. Afinal, ficou tão perfeitamente curado, que via distintamente todas as coisas. - Ele o mandou para casa, dizendo-lhe: Vai para tua casa; se entrares no burgo, a ninguém digas o que se deu contigo. (S. Marcos, cap. VIII, vv. 22 a 26.)
3)
Paralítico
14. - Tendo subido para uma barca, Jesus atravessou o lago e veio à sua cidade (Cafarnaum). - Como lhe apresentassem um paralítico deitado em seu leito,
Jesus, notando-lhe a fé, disse ao paralítico: Meu filho, tem confiança; perdoados te são os teus pecados.
Logo alguns escribas disseram entre si: Este homem blasfema. - Jesus, tendo percebido o que eles pensavam, perguntou-lhes: Por que alimentais maus pensamentos em vossos corações? -
Pois, que é mais fácil dizer: - Teus pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda?Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na Terra o poder de remitir os pecados:
Levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito e vai para tua casa.
O paralítico se levantou imediatamente e foi para sua casa. Vendo aquele milagre, o povo se encheu de temor e rendeu graças a Deus, por haver concedido tal poder aos homens. (S. Mateus, cap. IX, vv. 1 a 8.)
4)
Os dez leprosos
16. - Um dia, indo ele para Jerusalém, passava pelos confins da Samaria e da Galiléia - e, estando prestes a entrar numa aldeia, dez leprosos vieram ao seu encontro e, conservando-se afastados, clamaram em altas vozes: Jesus, Senhor nosso, tem piedade de nós. -
Dando com eles, disse-lhes Jesus: Ide mostrar-vos aos sacerdotes. Quando iam a caminho, ficaram curados.
Um deles, vendo-se curado, voltou sobre seus passos, glorificando a Deus em altas vozes; - e foi lançar-se aos pés de Jesus, com o rosto em terra, a lhe render graças. Esse era samaritano.
Disse então Jesus: Não foram curados todos dez? Onde estão os outros nove?
Nenhum deles houve que voltasse e glorificasse a Deus, a não ser este estrangeiro? -
E disse a esse: Levanta-te; vai; tua fé te salvou. (S. Lucas, capítulo XVII, vv. 11 a 19.)
5)
Mão seca
18. - Doutra vez entrou Jesus no templo e aí encontrou um homem que tinha seca uma das mãos. - E eles o observavam para ver se ele o curaria em dia de sábado, para terem um motivo de o acusar. -
Então, disse ele ao homem que tinha a mão seca: Levanta-te e coloca-te ali no meio. - Depois, disse-lhes: É permitido em dia de sábado fazer o bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la? Eles permaneceram em silêncio. - Ele, porém, encarando-os com indignação, tanto o afligia a dureza de seus corações, disse ao homem:
Estende a tua mão. Ele a estendeu e ela se tornou sã.
Logo os fariseus saíram e se reuniram contra ele em conciliábulo com os herodianos, sobre o meio de o perderem. - Mas, Jesus se retirou com seus discípulos para o mar, acompanhando-o grande multidão de povo da Galiléia e da Judéia – de Jerusalém, da Iduméia e de além Jordão; e os das cercanias de Tiro e de Sídon, tendo ouvido falar das coisas que ele fazia, vieram em grande número ao seu encontro. (S. Marcos, cap. III, vv. 1 a 8.)
6)
A mulher curada
19. - Todos os dias de sábado Jesus ensinava numa sinagoga. - Um dia, viu ali uma mulher possuída de um Espírito que a punha doente, havia dezoito anos; era tão curvada, que não podia olhar para cima. -
Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: Mulher, estás livre da tua enfermidade. - Impôs-lhe ao mesmo tempo as mãos e ela, endireitando-se, rendeu graças a Deus.
Mas, o chefe da sinagoga, indignado por haver Jesus feito uma cura em dia de sábado, disse ao povo: Há seis dias destinados ao trabalho; vinde nesses dias para serdes curados e não nos dias de sábado.
O Senhor, tomando a palavra, disse-lhe: Hipócrita, qual de vós não solta da carga o seu boi ou seu jumento em dia de sábado e não o leva a beber? - Por que então não se deveria libertar, em dia de sábado, dos laços que a prendiam, esta filha de Abraão, que Satanás conservara atada durante dezoito anos?
A estas palavras, todos os seus adversários ficaram confusos e todo o povo encantado de vê-lo praticar tantas ações gloriosas. (S. Lucas, cap. XIII, vv. 10 a 17.)
7)
O paralítico da piscina
21. - Depois disso, tendo chegado a festa dos judeus, Jesus foi a Jerusalém. Ora, havia em Jerusalém a piscina das ovelhas, que se chama em hebreu Betesda, a qual tinha cinco galerias - onde, em grande número, se achavam deitados doentes, cegos, coxos e os que tinham ressecados os membros, todos à espera de que as águas fossem agitadas - Porque, o anjo do Senhor, em certa época, descia àquela piscina e lhe movimentava a água e aquele que fosse o primeiro a entrar nela, depois de ter sido movimentada a água, ficava curado, qualquer que fosse a sua doença.
Ora, estava lá um homem que se achava doente havia trinta e oito anos. - Jesus, tendo-o visto deitado e sabendo-o doente desde longo tempo, perguntou-lhe: Queres ficar curado? - O doente respondeu: Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina depois que a água for movimentada; e, durante o tempo que levo para chegar lá, outro desce antes de mim. -
Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e vai-te. - No mesmo instante o homem se achou curado e, tomando de seu leito, pôs-se a andar. Ora, aquele dia era um sábado.
Disseram então os judeus ao que fora curado: Não te é permitido levares o teu leito. - Respondeu o homem: Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda. - Perguntaram-lhe eles então: Quem foi esse que te disse: Toma o teu leito e anda? - Mas, nem mesmo o que fora curado sabia quem o curara, porquanto Jesus se retirara do meio da multidão que lá estava.
Depois, encontrando aquele homem no templo, Jesus lhe disse: Vês que foste curado; não tornes de futuro a pecar, para que te não aconteça coisa pior.
O homem foi ter com os judeus e lhes disse que fora Jesus quem o curara. – Era por isso que os judeus perseguiam a Jesus, porque ele fazia essas coisas em dia de sábado. - Então, Jesus lhes disse: Meu Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro incessantemente. (S. João, cap. V, vv. 1 a 17.)
8)
Cego de nascença
24. - Ao passar, viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; - e seus discípulos lhe fizeram esta pergunta: Mestre, foi pecado desse homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego? - Jesus lhes respondeu: Não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas, para que nele se patenteiem as obras do poder de Deus. É preciso que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem depois a noite, na qual ninguém pode fazer obras. – Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
Tendo dito isso, cuspiu no chão e, havendo feito lama com a sua saliva, ungiu com essa lama os olhos do cego - e lhe disse: Vai lavar-te na piscina de Siloé, que significa Enviado. Ele foi, lavou-se e voltou vendo claro.Seus vizinhos e os que o viam antes a pedir esmolas diziam: Não é este o que estava assentado e pedia esmola? Uns respondiam: É ele; outros diziam: Não, é um que se parece com ele. O homem, porém, lhes dizia: Sou eu mesmo. - Perguntaram-lhe então: Como se te abriram os olhos? - Ele respondeu: Aquele homem que se chama Jesus fez um pouco de lama e passou nos meus olhos, dizendo: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo. - Disseram--lhe: Onde está ele? Respondeu o homem: Não sei.
Levaram então aos fariseus o homem que estivera cego. - Ora, fora num dia de sábado que Jesus fizera aquela lama e lhe abrira os olhos.
Também os fariseus o interrogaram para saber como recobrara a vista.
Ele lhes disse: Ele me pôs lama nos olhos, eu me lavei e vejo. - Ao que alguns fariseus retrucaram: Esse homem não é enviado de Deus, pois que não guarda o sábado. Outros, porém, diziam: Como poderia um homem mau fazer prodígios tais? Havia, a propósito, dissensão entre eles.
Disseram de novo ao que fora cego: E tu, que dizes desse homem que te abriu os olhos? Ele respondeu: Digo que é um profeta. - Mas, os judeus não acreditaram que aquele homem houvesse estado cego e que houvesse recobrado a vista, enquanto não fizeram vir o pai e a mãe dele - e os interrogaram assim: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora vê? - O pai e a mãe responderam: Sabemos que esse é nosso filho e que nasceu cego; - não sabemos, porém, como agora vê e tampouco sabemos quem lhe abriu os olhos. Interrogai-o; ele já tem idade, que responda por si mesmo.
Seu pai e sua mãe falavam desse modo, porque temiam os judeus, visto que estes já haviam resolvido em comum que quem quer que reconhecesse a Jesus como sendo o Cristo seria expulso da sinagoga. - Foi o que obrigou o pai e a mãe do rapaz a responderem: Ele já tem idade; interrogai-o.
Chamaram segunda vez o homem que estivera cego e lhe disseram: Glorifica a Deus; sabemos que esse homem é um pecador. Ele lhes respondeu: Se é um pecador, não sei, tudo o que sei é que estava cego e agora vejo. - Tornaram a perguntar-lhe: Que te fez ele e como te abriu os olhos? - Respondeu o homem: Já vo-lo disse e bem o ouvistes; por que quereis ouvi-lo segunda vez? Será que queirais tornar-vos seus discípulos? - Ao que eles o carregaram de injúrias e lhe disseram: Sê tu seu discípulo; quanto a nós, somos discípulos de Moisés. - Sabemos que Deus falou a Moisés, ao passo que este não sabemos donde saiu.
O homem lhes respondeu: É de espantar que não saibais donde ele é e que ele me tenha aberto os olhos. - Ora, sabemos que Deus não exalça os pecadores; mas, àquele que o honre e faça a sua vontade, a esse Deus exalça. - Desde que o mundo existe, jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. - Se esse homem não fosse um enviado de Deus, nada poderia fazer de tudo o que tem feito.
Disseram-lhe os fariseus: Tu és todo pecado, desde o ventre de tua mãe, e queres ensinar-nos a nós? E o expulsaram. (S. João, cap. IX, vv. 1 a 34.)
9)
Possessos
29. - Vieram em seguida a Cafarnaum e Jesus, entrando primeiramente, em dia de sábado, na sinagoga, os instruía. - Admiravam-se da sua doutrina, porque ele os instruía como tendo autoridade e não como os escribas.
Ora, achava-se na sinagoga um homem possesso de um Espírito impuro, que exclamou: - Que há entre ti e nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de Deus. -
Jesus, porém, falando-lhe ameaçadoramente, disse: Cala-te e sai desse homem. - Então, o Espírito impuro, agitando o homem em violentas convulsões, saiu dele.
Ficaram todos tão surpreendidos que uns aos outros perguntavam: Que é isto?
Que nova doutrina é esta? Ele dá ordem com império, até aos Espíritos impuros, e estes lhe obedecem. (S. Marcos, cap. I, vv. 21 a 27.)
10)
Possessos
30. - Tendo eles saído, apresentaram-lhe um homem mudo, possesso do demônio. -
Expulso o demônio o mudo falou e o povo, tomado de admiração, dizia: Jamais se viu coisa semelhante em Israel.
Mas os fariseus, ao contrário, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios. (S. Mateus, capítulo IX, vv. 32 a 34.)
11)
Possessos
31. - Quando ele foi vindo ao lugar onde estavam os outros discípulos, viu emtorno destes uma grande multidão de pessoas e muitos escribas que com eles disputavam. - Logo que deu com Jesus, todo o povo se tomou de espanto e temor e correram todos a saudá-lo.
Perguntou ele então: Sobre que disputáveis em assembléia? - Um homem, do meio do povo, tomando a palavra, disse: Mestre, trouxe-te meu filho, que está possesso de um Espírito mudo; - em todo lugar onde dele se apossa, atira-o por terra e o menino espuma, rilha os dentes e se torna todo seco. Pedi a teus discípulos que o expulsassem, mas eles não puderam.
Disse-lhes Jesus: Oh! gente incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-mo. - Trouxeram-lho e ainda não havia ele posto os olhos em Jesus, e o Espírito entrou a agitá-lo violentamente; ele caiu no chão e se pôs a rolar espumando.
Jesus perguntou ao pai do menino: Desde quando isto lhe sucede? – Desde pequenino, diz o pai. - E o Espírito o tem lançado, muitas vezes, ora à água, ora ao fogo, para fazê-lo perecer; se alguma coisa puderes, tem compaixão de nós e socorrenos.
Respondeu-lhe Jesus: Se puderes crer, tudo é possível àquele que crê. – Logo exclamou o pai do menino, banhado em lágrimas: Senhor, creio, ajuda-me na minha incredulidade.
Jesus, vendo que o povo acorria em multidão, falou em tom de ameaça ao Espírito impuro, dizendo-lhe: Espírito surdo e mudo sai desse menino e não entres mais nele. -
Então, o Espírito, soltando grande grito e agitando o menino em violentas convulsões, saiu, ficando como morto o menino, de sorte que muitos diziam que ele morrera. – Mas Jesus, tomando-lhe as mãos e amparando-o, fê-lo levantar-se.
Quando Jesus voltou para casa, seus discípulos lhe perguntaram, em particular: Por que não pudemos nós expulsar esse demônio? - Ele respondeu: Os demônios desta espécie não podem ser expulsos senão pela prece e pelo jejum. (S. Marcos, cap. IX, vv. 13 a 28.).
12)
Possessos
32. -
Apresentaram-lhe então um possesso cego e mudo e ele o curou, de modo que o possesso começou a falar e a ver: - Todo o povo ficou presa de admiração e dizia: Não é esse o filho de David?
Mas os fariseus, isso ouvindo, diziam: Este homem expulsa os demônios com o auxílio de Belzebu, príncipe dos demônios.
Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino que se dividir contra si mesmo será arruinado e toda cidade ou casa que se divide contra si mesma não pode subsistir. - Se Satanás expulsa a Satanás, ele está dividido contra si mesmo, como, pois, o seu reino poderá subsistir? - E, se é por Belzebu que eu expulso os demônios, por quem os expulsarão vossos filhos? Por isso, eles próprios serão os vossos juizes. - Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é que o reino de Deus veio até vós. (S. Mateus, cap. XII, 22 a 28.)
13)
Ressurreições
A filha de Jairo
37. - Tendo Jesus passado novamente, de barca, para a outra margem, logo que desembarcou, grande multidão se lhe apinhou ao derredor. Então, um chefe de sinagoga, chamado Jairo, veio ao seu encontro e, ao aproximar-se dele, se lhe lançou aos pés, - a suplicar com grande instância, dizendo: Tenho urna filha que está no momento extremo; vem impor-lhe as mãos para a curar e lhe salvar a vida.
Jesus foi com ele, acompanhado de grande multidão, que o comprimia.
Quando Jairo ainda falava, vieram pessoas que lhe eram subordinadas e lhe disseram: Tua filha está morta; por que hás de dar ao Mestre o incômodo de ir mais longe? - Jesus, porém, ouvindo isso, disse ao chefe da sinagoga: Não te aflijas, crê apenas. - E a ninguém permitiu que o acompanhasse, senão a Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
Chegando a casa do chefe da sinagoga, viu ele uma aglomeração confusa de pessoas que choravam e soltavam grandes gritos. - Entrando, disse-lhes ele: Por que fazeis tanto alarido e por que chorais? Esta menina não está morta, está apenas adormecida. - Zombavam dele. Tendo feito que toda a gente saísse, chamou o pai e mãe da menina e os que tinham vindo em sua companhia e entrou no lugar onde a menina se achava deitada. -
Tomou-lhe a mão e disse: Talitha cumi, isto é: Minha filha, levanta-te, eu to ordeno. - No mesmo instante a menina se levantou e se pôs a andar, pois contava doze anos, e ficaram todos maravilhados e espantados. (S. Marcos, cap. V, vv. 21 a 43.)
14)
Ressurreições
Filho da viúva de Naim
38. - No dia seguinte, dirigiu-se Jesus para uma cidade chamada Naim; acompanhavam-no seus discípulos e grande multidão de povo. - Quando estava perto da porta da cidade, aconteceu que levavam a sepultar um morto, que era filho único de sua mãe e essa mulher era viúva; estava com ela grande número de pessoas da cidade. - Tendo-a visto, o Senhor se tomou de compaixão para com ela e lhe disse: Não chores. - Depois, aproximando-se, tocou o esquife e os que o conduziam pararam.
Então, disse ele: Mancebo, levanta-te, eu o ordeno. - Imediatamente, o moço se sentou e começou a falar. E Jesus o restituiu à sua mãe.
Todos os que estavam presentes ficaram tomados de espanto e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo. O rumor desse milagre que ele fizera se espalhou por toda a Judéia e por todas as regiões circunvizinhas. (S. Lucas, cap. VII, vv. 11 a 17.)
15)
Jesus caminha sobre a água
41. - Logo, fez Jesus que seus discípulos tomassem a barca e passassem para a outra margem antes dele, que ficava a despedir o povo. - Depois de o ter despedido, subiu a um monte para orar e, tendo caído a noite, achou-se ele sozinho naquele lugar.
Entrementes, a barca era fortemente açoitada pelas ondas, em meio do mar, por ser contrário o vento. - Mas, na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando por sobre o mar.
- Quando eles o viram andando sobre o mar, turbaram-se e diziam: É um fantasma e se puseram a gritar amedrontados. Jesus então lhes falou dizendo:
Tranqüilizai-vos, sou eu, não tenhais medo.
Pedro lhe respondeu: Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro, caminhando sobre as águas.
Disse-lhe Jesus: Vem. Pedro, descendo da barca, caminhava sobre a água, ao encontro de Jesus. Mas, vindo um grande vento, ele teve medo; e como começasse a submergir, clamou: Senhor, salva-me. Logo, Jesus, estendendo-lhe a mão, disse: Homem de pouca fé! por que duvidaste? - E, tendo subido para a barca, cessou o vento. - Então, os que estavam na barca, aproximando-se dele o adoraram, dizendo: És verdadeiramente filho de Deus, (S. Mateus, cap. XIV, vv. 22 a 33.)
16)
Transfiguração
43. - Seis dias depois, tendo chamado de parte a Pedro, Tiago e João,
Jesus os levou consigo a um alto monte afastado e se transfigurou diante deles. –
Enquanto orava, seu rosto pareceu inteiramente outro; suas vestes se tornaram brilhantemente luminosas e brancas qual a neve, como não há pisoeiro na Terra que possa fazer alguma tão alva. - E eles viram aparecer Elias e Moisés, a entreter palestra com Jesus.
Então, disse Pedro a Jesus: Mestre, estamos bem aqui; façamos três tendas: uma para ti, outra para Moisés, outra para Elias. - É que ele não sabia o que dizia, tão espantado estava.
Ao mesmo tempo, apareceu uma nuvem que os cobriu; e, dessa nuvem, uma voz partiu, fazendo ouvir estas palavras: Este é meu Filho bem-amado; escutai-o.
Logo, olhando para todos os lados, a ninguém mais viram, senão a Jesus, que ficara a sós com eles.
Quando desciam do monte, ordenou-lhes ele que a ninguém falassem do que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. - E eles conservaram em segredo o fato, inquirindo uns dos outros o que teria ele querido dizer com estas palavras: Até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dentre os mortos. (S. Marcos, cap. IX, vv. 1 a 9.)
17)
Tempestade aplacada
45. - Certo dia, tendo tomado uma barca com seus discípulos, disse-lhes ele: Passemos à outra margem do lago. Partiram então. Durante a travessia, ele adormeceu. - Então, um grande turbilhão de vento se abateu de súbito sobre o lago, de sorte que, enchendo-se dágua a barca, eles se viam em perigo. Aproximaram-se, pois, dele e o despertaram, dizendo-lhe: Mestre, perecemos.
Jesus, levantando-se, falou, ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande calma. Ele então lhes disse: Onde esta a vossa fé? Eles, porém, cheios de temor e admiração, perguntavam uns aos outros: Quem é este que assim dá ordens ao vento e às ondas, e eles lhe obedecem? (São Lucas, cap. VIII, vv. 22 a 25.)
18)
Bodas de Cana
47. - Este milagre, referido unicamente no Evangelho de S. João, é apresentado como o primeiro que Jesus operou e nessas condições, devera ter sido um dos mais notados.
Entretanto, bem fraca impressão parece haver produzido, pois que nenhum outro evangelista dele trata. Fato não extraordinário era para deixar espantados, no mais alto grau, os convivas e, sobretudo, o dono da casa, os quais, todavia, parece que não o perceberam.
Considerado em si mesmo, pouca importância tem o fato, em comparação com os que, verdadeiramente, atestam as qualidades espirituais de Jesus. Admitido que as coisas hajam ocorrido, conforme foram narradas, e de notar-se seja esse, de tal gênero, o único fenômeno que se tenha produzido.
Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente materiais, próprios apenas a aguçar a curiosidade da multidão que, então, o teria nivelado a um mágico. Ele sabia que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatias e lhe granjeariam mais adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza (nº 27).
Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, até certo ponto, por uma ação fluídica que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudado as propriedades da água, dando-lhe o sabor do vinho, pouco provável é se tenha verificado semelhante hipótese, dado que, em tal caso, a água, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado a sua coloração, o que não deixaria de ser notado. Mais racional é se reconheça aí unia daquelas parábolas tão freqüentes nos ensinos de Jesus, como a do filho pródigo, a do festim de bodas, do mau rico, da figueira que secou e tantas outras que, todavia, se apresentam com caráter de fatos ocorridos.
Provavelmente, durante o repasto, terá ele aludido ao vinho e à água, tirando de ambos um ensinamento.Justificam esta opinião as palavras que a respeito lhe dirige o mordomo: «Toda gente serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o têm bebido muito, serve o menos fino; tu, porém, guardas até agora o bom vinho.»
Entre duas hipóteses, deve-se preferir a mais racional e os espíritas não são tão crédulos que por toda parte vejam manifestações, nem tão absolutos em suas opiniões, que pretendam explicar tudo por meio dos fluidos.
19)
Multiplicação dos pães
48. - A multiplicação dos pães é um dos milagres que mais têm intrigado os comentadores e alimentado, ao mesmo tempo, as zombarias dos incrédulos. Sem se darem ao trabalho de lhe perscrutar o sentido alegórico, para estes últimos ele não passa de um conto pueril.
Entretanto, a maioria das pessoas sérias há visto na narrativa desse fato, embora sob forma diferente da ordinária, uma parábola, em que se compara o alimento espiritual da alma ao alimento do corpo.
Pode-se, todavia, perceber nela mais do que uma simples figura e admitir, de certo ponto de vista, a realidade de um fato material, sem que, para isso, seja preciso se recorra ao prodígio. É sabido que uma grande preocupação de espírito, bem como a atenção fortemente presa a uma coisa fazem esquecer a fome. Ora, os que acompanhavam a Jesus eram criaturas ávidas de ouvi-lo; nada há, pois, de espantar em que, fascinadas pela sua palavra e também, talvez, pela poderosa ação magnética que ele exercia sobre os que o cercavam, elas não tenham experimentado a necessidade material de comer.
Prevendo esse resultado, Jesus nenhuma dificuldade teve para tranqüilizar os discípulos, dizendo-lhes, na linguagem figurada que lhe era habitual e admitido que realmente houvessem trazido alguns pães, que estes bastariam para matar a fome à multidão. Simultaneamente, ministrava aos referidos discípulos um ensinamento, com o lhes dizer: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Ensinava-lhes assim que também eles podiam alimentar por meio da palavra.
Desse modo, a par do sentido moral alegórico, produziu-se um efeito fisiológico, natural e muito conhecido. O prodígio, no caso, está no ascendente da palavra de Jesus, poderosa bastante para cativar a atenção de uma multidão imensa, ao ponto de fazê-la esquecer-se de comer. Esse poder moral comprova a superioridade de Jesus, muito mais do que o fato puramente material da multiplicação dos pães, que tem de ser considerada como alegoria.
Esta explicação, aliás, o próprio Jesus a confirmou nas duas passagens seguintes.
20)
O fermento dos fariseus
49. - Ora, tendo seus discípulos passado para o outro lado do mar, esqueceram-se de levar pães. - Jesus lhes disse: Tende o cuidado de precatar-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. - Eles, porém, pensavam e diziam entre si: É porque não trouxemos pães.
Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Homens de pouca fé, por que haveis de estar cogitando de não terdes trazido pães? Ainda não compreendeis e não vos lembrais quantos cestos levastes? - Como não compreendereis que não é do pão que eu vos falava, quando disse que vos guardásseis do fermento dos fariseus e saduceus?Eles então compreenderam que ele não lhes dissera que se preservassem do fermento que se põe no pão, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus. (S. Mateus, cap. XVI, vv. 5 a 12.)
21)
O pão do céu
50. - No dia seguinte, o povo, que permanecera do outro lado do mar, notou que lá não chegara outra barca e que Jesus não entrara na que seus discípulos tomaram, que os discípulos haviam partido sós - e como tinham chegado depois outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde o Senhor, após render graças, os alimentara com cinco pães; - e como verificassem por fim que Jesus não estava lá, tampouco seus discípulos, entraram naquelas barcas e foram para Cafarnaum, em busca de Jesus. - E, tendo-o encontrado além do mar, disseram-lhe: Mestre, quando vieste para cá?
Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que me procurais, não por causa dos milagres que vistes, mas por que eu vos dei pão a comer e ficastes saciados. -Trabalhai por ter, não o alimento que perece, mas o que dura para a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará, porque foi nele que Deus, o Pai, imprimiu seu selo e seu caráter.Perguntaram-lhe eles: Que devemos fazer para produzir obras de Deus? - Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é que creiais no que ele enviou.
Perguntaram-lhe então: Que milagre operarás que nos faça crer, vendo-o? Que farás de extraordinário? - Nossos pais comeram o maná no deserto, conforme está escrito: Ele lhes deu de comer o pão do céu.
Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu; meu Pai é quem dá o verdadeiro pão do céu, - porquanto o pão de Deus é aquele que desceu do céu e que dá vida ao mundo.
Disseram eles então: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
Jesus lhes respondeu: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê não terá sede. - Mas, eu já vos disse: vós me tendes visto e não credes.
Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim tem a vida eterna. - Eu sou o pão da vida. - Vossos pais comeram o maná do deserto e morreram. – Aqui está o pão que desceu do céu, a fim de que quem dele comer não morra. (S. João, cap. VI, vv. 22-36 e 47-50.).
Como bem podemos verificar, na matéria aqui exposta, em apenas duas oportunidades: (“Cego de Betsaida - Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora do burgo, passou-lhe saliva nos olhos e, havendo-lhe imposto as mãos, lhe perguntou se via alguma coisa; e, A mulher curada - Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: Mulher, estás livre da tua enfermidade. - Impôs-lhe ao mesmo tempo as mãos e ela, endireitando-se, rendeu graças a Deus”), das 21 ações de Jesus aqui descritas, somente em 2 (duas) oportunidades, podemos constatar a narrativa de que Jesus se utilizou dessa forma de efetuar suas curas, mesmo assim, o que eles não dão destaque é que Jesus, passa a saliva diretamente nos olhos do cego, ou seja, no órgão causador da dificuldade do irmão curado, Mc 8,23 e Jo 9,6. Nas duas vezes em que impôs as mãos, Ele se utilizou de outros procedimentos, ou seja, numa passou antes saliva nos olhos do cego e na outra, falou antes para a mulher que ela estava curada, em todas as outras, não temos esse tipo de procedimento pelo Mestre de Nazaré, que como bem nos diz Allan Kardec, em “A Gênese”, não precisava de qualquer outro subterfúgio senão o de ordenar ao espírito que seguisse seu caminho, e não voltasse a transgredir as Leis de Deus.
Quarta Parte
Vamos agora, buscar na codificação, as instruções dos Espíritos Superiores para que entendamos definitivamente, a incomensurável distância que nos separa desse que é o exemplo a ser seguido por todos nós, sem que pretendamos fazer o que ELE fez e agir como ele agiu, para realizar suas proezas, pois, Jesus pertence à categoria dos Espíritos Puros.
Superioridade da natureza de Jesus
Olivro dos Espíritos – pergunta 625.
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
“Jesus.”
A Gênese, FEB 36ª Edição, Cap. XV.
1. – “Os fatos que o Evangelho relata e que foram até hoje considerados milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma. Confrontando-os com os que ficaram descritos e explicados no capítulo precedente, reconhecer-se-á sem dificuldade que há entre eles identidade de causa e de efeito. A História registra outros análogos, em todos os tempos e no seio de todos os povos, pela razão de que, desde que há almas encarnadas e desencarnadas, os mesmos efeitos forçosamente se produziram. Pode-se, é certo, contestar, no que concerne a este ponto, a veracidade da História; mas, hoje, eles se produzem às nossas vistas e, por assim dizer, à vontade e por indivíduos que nada têm de excepcionais. O só fato da reprodução de um fenômeno, em condições idênticas, basta para provar que ele é possível e se acha submetido a uma lei, não sendo, portanto, miraculoso.
O princípio dos fenômenos psíquicos repousa, como já vimos, nas propriedades do fluido perispiritual, que constituí o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como força ativa da Natureza. Conhecidos estes elementos e comprovados os seus efeitos, tem-se, como conseqüência, de admitir a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural.
2. -
Sem nada prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino.
Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (cap. XIV, nº 9). Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis.
Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa forca magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem.
Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros.
Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus”.
Conforme relato acima, não dá para comparar os feito de Jesus com os de qualquer ser humano, por mais adiantado que este possa ser, Jesus é único, “Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir.”, se é possível se admitir que ELE, poderia receber algum “influxo” de Deus, conforme narrativa acima, como é possível a nós ignorarmos a inspiração para nossa orientação que nos são passadas pelos abnegados trabalhadores da Seara do Mestre de Nazaré, na prática do bem e da caridade?.
Quinta Parte
Conclusão:
Respeitando as opiniões em contrário, de quantos não concordarem conosco, temos o dever de dizer que nossos argumentos estão fundamentados na doutrina espírita, e que por essa razão, optamos por ficar com Kardec, e com os Espíritos Superiores, nas matérias aqui expostas, contidas na Codificação e nas obras auxiliares de reconhecido conteúdo doutrinário, em razão disso, não podemos aceitar simples opiniões pessoais de quem quer que seja, como tendo o mesmo peso dos ensinos dos prepostos de Jesus.Para finalizar, solicitamos atenção para nossas observações seguintes:
a) Em primeiro lugar, precisamos dedicar todo esforço possível na necessária preparação para o exercício da nobre tarefa da mediunidade em todos os sentidos, pelo estudo sério e constante do espiritismo, como sendo o compromisso maior que assumimos com a doutrina que dizemos professar.
b) Que no caso específico da Cura pelo Passe, conforme esclarecimentos aqui expostos, retirados dos ensinos ministrados pelos Espíritos Superiores na doutrina espírita, devemos sim, movimentar as mãos, em direção aos órgãos em desequilíbrio do irmão à nossa frente, sintonizados com a equipe Espiritual Superior, responsável pelas tarefas em desenvolvimento, que nos assistirão, inspirando-nos a fazer este ou aquele movimento visando o restabelecimento da normalidade do órgão em desequilíbrio no irmão assistido.
Que Jesus nos sustente nas obras do bem com sua doce e sublime Paz, hoje e sempre.
Francisco Rebouças